...é perder o distanciamento.
Quando a vida em questão ficou longe no tempo e no espaço não se tem a " pessoa concreta",é uma imagem que se cria por quem falou dela e os nossos sentimentos sobre,mais os dados históricos.
Mas ver alguém pouco mais velho que você ter a vida exposta levanta a questão:por que?
A pessoa em questão é o Casagrande,que foi jogador de futebol e atualmente é comentarista na Globo.A lembrança que tinha dele era mais ou menos como a da foto acima,e achava um falastrão, que sabia jogar futebol,mais nada. E como não sou ligada em esportes fazia eras que não o via e me assustei com o cara devastado,gordo e estranho que estava comentando a Copa.tinha escutado do seu envolvimento com drogas,mas é quase um lugar comum para quem saiu dos holofotes "perder o rumo" - quer mais que o Nasi do Ira,outro mais ou menos meu contemporâneo?
Pois bem,fui ao dr Google e descobri o livro e querendo deixar os romances históricos de lado um pouquinho e variar as leituras,peguei este livro.
De cara me pareceu só o tipo de coisa que se escreve para reabilitar alguém que é figura pública,contando seus exageros para depois mostrar como "do sofrimento ele viu a luz".
Sou bastante dura com os outros porque pastei muito nesta vida e para me conquistar,me fazer compadecer não é qualquer coisa não e também não foi o caso com o Casão,apesar de tudo.
Mostrar seu envolvimento com as drogas desde muito novo como uma forma de "contestação" me pareceu bem furado;como compensação à perda de uma irmã,talvez?Uma fuga,quem sabe.
Do quê,fica complicado,porque desde muito novo teve seu talento reconhecido e recompensado e talvez até por isso mesmo teve liberdade(grana) pra fazer o que quisesse da vida.O que não acontece com a maioria de nós,simples mortais - que também temos nossos desejos,frustrações e dificuldades.E se for por conta da "geração" somos da mesma e com todo o boom cultural dos anos 80,contestações e mudanças comportamentais típicos da juventude ,pouquíssimas pessoas deixaram a coisa desandar tanto.
Foi doideira pura de cada vez mais se entorpecer e depois perder o controle.A loucura quase incontrolável e a internação,depois a volta,não "curado",porque não existe cura,mas controlado.
O que mais chama a atenção é a sorte que teve,por não ter morrido nas overdoses,nem feito coisa pior - no acidente de carro que expôs sua condição não houve vítimas fatais,ao contrário,por exemplo,do que aconteceu com outro jogador,o Edmundo,pra ficarmos no setor "esporte".
Ficou pra mim a imagem de um cara que tinha tudo pra ser o cara mais feliz e realizado do mundo e....não foi assim que as coisas aconteceram e por culpa exatamente...dele mesmo.De certa forma é o que ele mesmo coloca.Não culpa nada e nem ninguém a não ser seus próprios erros e pisadas na bola e mostra como não é nada fácil se manter 'bem".
Esta é a "missão diária" de todos nós que temos problemas emocionais/mentais e que vivemos em tratamento e ele tem mais uma vez a sorte de ter um salário rede Globo e contar com três profissionais à sua disposição diariamente.Nós,bem,entre uma consulta e outra,entre uma sessão e outra,vamos seguindo.
Não me distraiu,não me divertiu e também não criou nada com que me identificasse,então se for colocar este livro num nicho será o famoso:li e não gostei.
Mudaria se tivesse sido outra pessoa?Certamente:o Cazuza deixou um legado lindo de música/poesia;Renato Russo,idem,mas os dois já se foram e o que fica exatamente é a beleza da suas músicas.o Casagrande deixa como legado um punhado de jogos,o grande conhecimento de futebol e a experiência narrada,só,então,perde feio,de goleada para os outros.
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