terça-feira, 10 de novembro de 2015

E o Chico ,falando da música de hoje em dia

Pra quem tem mais ou menos a minha idade já sabe de cara quem é o Chico a quem me referi,pra quem não ,falo do Chico Buarque de Hollanda,compositor e escritor, importante pra mim por ter escrito músicas maravilhosas, umas que mostravam o universo feminino de dentro,além das "crônicas sociais" e das políticas,da época da ditadura;hoje acho que falam mais dos seus livros que das composições e ele se coloca mais como escritor - parte dele desconhecida pra mim,é ,ainda não li nenhum dos seus livros.
Mas o que me chamou a atenção foi o destaque que deram para uma "análise" que ele fez da música atualmente:

" o cantor, compositor e escritor Chico Buarque, 71, declara que a atual música que faz sucesso no Brasil é a que corresponde realmente ao gosto do povo brasileiro. A declaração soa polêmica, mas ele explica que, antes, os gêneros bossa nova e MPB foram gostos musicais impostos pela elite que dominava o País. Em sua visão, hoje, o brasileiro não mais responde a imposições culturais de uma minoria rica. Por isso, a música nas paradas de sucesso atualmente é tão distante daquela feita por ele e seus colegas nos festivais da década de 1960"


Sempre disse que minha geração que cresceu com ele,o Milton,Caetano,Gil,Edu Lobo,Elis Regina e afins tinha um je n'ai sais quoi ,um diferencial da geração anterior criada ao som de boleros.A música com que crescemos era boa e massificou porque fazia parte da vida .Os textos e as melodias que escutávamos eram riquíssimos e os arranjos,maravilhosos.Crescemos escutando "qualidade" e continuamos a gostar de quem faz música assim,vide Alceu,Lenine,Djavan, entre outros,um grande etc.
Agora classificar esta música como "de elite"(já não basta aquele um que é e foi sustentado pela, mas não se coloca "nazelite") e a atual  me parece uma visão bem distorcida da nossa "realidade cultural".
Tínhamos acesso àquela música pela TV e pelo rádio,comprar discos(os antigos vinis),era realidade para poucos e tínhamos conhecimento suficiente para assimilar e nos identificar com ela.Sim,éramos de escolas públicas,mas nosso compositores/cantores em sua maioria também.Outro Brasil,outros tempos.
"Gosto imposto" soa forte demais,ainda mais se colocarmos em comparação com  a indústria cultural de hoje e o que eram os meios de comunicação.

Agora do "gosto" atual,dá pra falar da incultura generalizada,da coisificação das relações, ,da "baixaria" institucionalizada(sexo banalizado até),das vozes forçadas e dos arranjos "escutou uma,escutou mil",credo,Isto não é "do povo", as TVs veiculam massivamente e se alastra porque é melhor ter "consumidores", uma população"ouvinte"mal formada,mal empregada e mal situada, uma "trilha sonora" medíocre,popular ou não,também feita por pessoas "iguais",músicos sofríveis e marketeiros bombando.Os "shows" garantem o sustento e se repetem ad infinitum iguaizinhos uns aos outros.E quem comanda o circo?Não é exatamente "a elite"?!?De onde vem este" gosto" pelo breganejo?

Culturalmente fica feio falar em melhor e pior,mas ,na prática,tem como negar o óbvio?

É Chico,"movimento popular,das bases" é coisa da ideologização da década de 60 mesmo;o que acontece com a música e a cultura atualmente pode ser "popular" mas não é nada bom.

PS:há que se diferenciar os movimentos sociais e a vinculação com rap e funk da porcariada que é industrializada e também tem esses nomes.

PS²:e eles todos,graças aos deuses estão aí,vivos e produzindo,nossos "medalhões da MPB".

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