quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Uma figura fundamental :Getúlio Vargas

Pode parecer estranho para quem é muito jovem  e nunca ouviu falar,mas para quem é da minha geração ,mesmo não tendo visto (morreu 10 anos antes de eu nascer),"conviveu" com a figura de uma maneira ou de outra.

Meu avô e um dos meus tios, da antiga Força Pública de São Paulo(antes da divisão das polícias entre civil e militar), lutaram em 1932 justamente contra o "tirano",mas depois, tanto eles quanto outras pessoas só falavam "do Getúlio"(assim familiarmente) como  de quem possibilitou a mudança,industrialização e crescimento do país;mais ainda,se tínhamos algum ganho trabalhista,foi porque ele "concedeu".




 De "pai dos pobres" a ditador foi o que aconteceu com sua imagem conforme fui passando por meus cursos de Brasil na faculdade,tendenciosos que só,olhando apenas para o lado do controle estatal,da polícia política e do DIP(Departamento de Propaganda, que enaltecia os "feitos" e escondia os defeitos )para ser bem sumária.Como quase todos os governos da época ,mas apesar de tudo,tornou possível a unificação do país(a expansão para o oeste,antes de Brasília ser pensada,veio das ações que ordenou),a criação das indústrias de base,o crescimento das cidades e da população urbana,período de efervescência cultural e a "época do funcionário público" como evidência do aumento da classe média ,assalariada e do operariado "garantido" pela CLT,13º,férias e carteira assinada(que atualmente está sendo desmanchada pouco a pouco).
Um homem nascido em fins do séc XIX,com o arcabouço do caudilho,participando dos movimentos militares do tenentismo,assegurando um governo de 15 anos com todas as turbulências ,sendo "tirado" do poder pela mentalidade "nova" do pós Segunda Guerra e ....voltar aclamado anos depois,sofrer todas as pressões dentro da mistura política que se criou entre os sempre "novos" e as "oligarquias" até o fim trágico .Sim,muitas contradições e ambigüidades,mas uma figura complexa,um dos raros estadistas que tivemos.

E tudo o que li sobre ele era desatualizado,focando sempre uma "imagem" sem dar uma dimensão mais real ao homem no seu tempo.

Até que algum tempo atrás soube desta biografia e folheando o primeiro volume,edição caprichada,papel bom, vi que tinha muita fundamentação,pesquisa e uma iconografia super interessante.Sei que dei de presente para alguém que também é "de História" como eu,mas deixei passar e só agora,com todos os volumes publicados foi que comprei pra mim .Uma riqueza,vai render muita leitura.Por enquanto estou na fase de "namoro" com eles,abro,folheio,paro para ver as ilustrações e pulo de uma para outra.







E em plena crise energética,hídrica,de falta de infraestrutura,com a rede de ferrovias abandonada e as de estradas precária,ainda,com partes do país isoladas dos centros mais próximos ,como não pensar que a base,criada nas décadas de 40/50,seguiram a passo de tartaruga pelos governos seguintes,tanto da ditadura militar(apesar do slogan do "Brasil grande") quanto dos governos democráticos.O país patina de crise em crise e não se vê melhoria real ,estável.Ainda falta saneamento básico para 50% da população e os que "foram tirados da miséria" segundo a publicidade atual,mal tem a subsistência garantida.É,dá saudade de uma época não vivida,de real crescimento e desenvolvimento.talvez por isso,impossível de tirar da memória.



PS: e pra ter um gostinho ,vi o filme Getúlio com Tony Ramos e elenco global,hélas que mostra os últimos dias do homem no poder,o atentado da rua Tonelero(Alexandre Borges faz um Lacerda no ponto),a corrente de corrupção que acontecia nos bastidores do governo e os militares se assanhando para o que fariam em 64.Sorte que vi em casa,não valeria o ingresso no cinema.ainda fico com o Agosto do Rubem Fonseca como ficção para o período.

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