quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Como "viver sem tempos mortos"?

Sábado assisti à uma entrevista da Fernanda Montenegro(no Canal Brasil) e como sempre fiquei encantada com o que disse.84 anos ,caminhando para os 85,com muitos trabalhos engatilhados(filmes estreando,projetos no teatro e na TV) e muito lúcida,inteligente,colocou muito bem seus sentimentos em relação à passagem do tempo,às grandes perdas de pessoas que a acompanhavam desde sempre,marido,grandes amigos,companheiros de vida e de profissão.Disse sentir a perda de uma "memória coletiva",além da convivência ,mas que mesmo assim "a vida continua".Lógico que me identifiquei total,porque além de ter a mesma percepção/sentimentos em relação às perdas ela colocou muito bem o que se passa com a maioria de nós que,enquanto jovens "fazemos",não temos a reflexão,as preocupações e com o tempo é que começamos as encucações(palavras minhas),as "travas".Ela manteve-se em atividade,um cotidiano criativo,intenso na medida do possível.feliz na medida do possível.Caminhando.Que força,que pessoa!Lição de saber viver  e de superação constante.Chegarei lá?!?

De quando fez o monólogo sobre a Simone de Beuvoir guardei uma frase:"“Sou de uma geração que se pronunciava e ia às ruas para pensar e sentir. Devemos refletir sobre o nosso cotidiano cada vez mais saturado de esperanças não realizadas, pela desinteligência e, infelizmente, pela brutalidade. "

Fiquei com  saudade da minha geração,jovem no meio dos anos 80,adultecendo enquanto o país se libertava da ditadura,a campanha pelas Diretas Já,as grandes discussões comportamentais,a cultura,o rock, um "momento" maravilhoso que ,como tudo, foi engolido pela passagem do tempo e me pergunto onde encontrar  "diálogo" como tive,pessoas como as que encontrei.Difícil né,ela mesma deixou o "recado".Mais ainda porque o estado atual da sociedade,das pessoas pós o massacre cultural dos anos 2000,medo!
E como não há o que fazer a não ser viver,que seja, da melhor maneira que conseguir.






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