janela para o mundo
11/10/2012-03h00
DE SÃO PAULO
A mídia internacional, no noticiário ontem publicado sobre a condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares pelo Supremo Tribunal Federal, desnuda por completo a tese da conspiração golpista, esgrimida pelos hidrófobos do lulo-petismo.
Tome-se, por exemplo, o texto de Juan Arias para "El País" (jornalista e jornal que jamais hostilizaram os governos Lula e Dilma): "O que mais se estranhou na condenação de Dirceu (...) é que tenha sido consumada por um tribunal no qual, dos 11 magistrados, oito foram designados por Lula e pela atual presidenta, Dilma Rousseff".
Acrescento que tanto o procurador que fez a denúncia inicial como o atual, Roberto Gurgel, foram igualmente designados por Lula.
"Não se trata, pois, de uma condenação levada a cabo a partir das fileiras da oposição, mas de magistrados amigos todos de Lula", conclui Arias.
Desmascara completamente a teoria da conspiração golpista que blogueiros, a mídia e intelectuais chapa-branca inventaram safadamente. Era a maneira calhorda que acharam de, apanhados com a mão no bolso alheio, gritar "pega ladrão" para desviar a atenção.
Não funcionou. Para Arias, o que funcionou foi "catarse de tipo ético levada a cabo internamente por simpatizantes do partido condenado".
Catarse que, de certa forma, faz o ator Odilon Wagner, petista de toda a vida, para quem o julgamento foi "exemplar". E lamentou: "Um partido que realizou avanços sociais impressionantes não precisava disso [do mensalão]".
Catarse que faz também o governador gaúcho Tarso Genro, igualmente petista de toda a vida, que disse a Lisandra Paraguassu, do "Estadão": "Que tem pessoas que cometeram ilegalidades, não tenho dúvida. Seria debochar da Justiça do país e do processo dos inquéritos achar que todo mundo é inocente".
Ao contrário de debochar, a mídia internacional de qualidade louva o Judiciário brasileiro. Do "Financial Times", por exemplo: "A condenação de Dirceu é um grande passo para o Brasil, onde as cortes têm sido tradicionalmente tímidas em punir corrupção".
De Simon Romero, o excelente correspondente do "New York Times": "O fato de que o julgamento está avançando até a fase de atingir congressistas, membros do partido governante e funcionários graduados que trabalharam diretamente sob um dos presidentes mais populares aponta para um raro avanço em `accountability' política e uma marca crucial de independência do sistema legal".
"Accountability" não tem tradução precisa nem em português nem em espanhol. A mais próxima é "prestação de contas", mas fica aquém da força em inglês.
Não sou entusiasta da teoria, muito disseminada, de que o julgamento do mensalão mudou o Brasil. Quando da campanha das "Diretas Já", parecia também que o país levara uma baita sacudida, só para que, quando as diretas de fato chegassem, quatro anos depois, a maioria votasse em Fernando Collor de Mello, um baita retrocesso. Veremos agora se, pós-mensalão, a impunidade será de fato desterrada.
crossi@uol.com.br
Muita gente tem ânsias quando se fala em "política",pudera neste país,e depois da ditadura,nossas ilusões - de quem as tinha,como eu e muita gente da minha (meia) idade - foram pelo ralo.Corrupção desde que o primeiro extrangeiro veio atormentar os índios,pior depois do estado institucionalizado.Mas agora,ou se estabelecem realmente as posições,inclusive da população "esclarecida",ou se entrega tudo de vez.Não adianta reclamar de "elite"(pelas estatísticas,nós com emprego,pagando impostos,casa e comida,fazemos parte) e dos "representantes".Nós os elegemos.
Bjs a quem passar por aqui.
Eliana, concordo com você, vejo que nós seja quem for, reclamar, sem pensar, que nós os colocamos onde estão, pela ilusão que fariam algo diferente...até se tolera! Pois muitas e muitas vezes não temos opção, veja os candidatos e olha o segundo turno! Não votei em nenhum deles, pra prefeito! E não vou votar, vou anular! Eu sinto jogar fora um voto que acho valioso, mas que fazer , vai ser o meu protesto pela mesmice! bjs Nina
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