segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Como acompanhar o movimento do tempo?



 

    A sabedoria antiga,principalmente a oriental,diz que  não se deve  interferir,deixar tudo acontecer sem stress e viver na medida do momento.Mas isso não vem assim,placidamente.Não vivemos isolados,e as diferenças  incomodam.Tento usar meu arsenal de leitura,conhecimentos,pra tentar compreender.

  Numa das mais significativas e que “permanece” apesar do tempo decorrido desde que a fiz,O Processo Civilizador,Norbert Elias mostra o quanto a “civilização” demorou pra atingir a sociedade como um todo.Modos,maneiras,costumes da selvageria necessária à sobrevivência foram substituídos por um modus vivendi mais controlado,com regras de comportamento para se viver em grupo,tanto “em casa” como fora dela.

Bem,isso em uma época muito passada.Na sociedade de massas,o espaço privado passou a prevalecer,onde as solidariedades aparecem,existem os pequenos grupos de convivência que agem de maneira parecida(Richard Sennet,O declínio do homem público); e o espaço “público”,a rua,bem,é onde os problemas surgem com mais evidência.Nenhuma novidade nisso.

  Nesse nosso 3º milênio,passada já uma década,vemos que muito se perdeu – como em tudo,na “passagem das civilizações”.Brinco que é a “queda do Império Romano”(acho que já postei textos sobre isso),sem o Technicolor de Hollywood.Os Estados Unidos “compraram” o mundo depois da Segunda Guerra(ver Tony Judt,livro Pós Guerra,entre outros)e agora,não estão mais dando conta do recado,pra dizer o mínimo.

  Seu way of life globalizou-se,mas não consegue mais manter-se.Energia,alimentos,etc,tudo está por um fio.O “congestionamento” é mundial,não só aqui.Pessoas fecham-se em seus carros,distantes de qualquer contato.Segundo citam,consome-se 30% a mais do que a natureza produz e por mais campanhas ambientalistas,de reciclagem e o que for o que se constata é exatamente o contrário.Por aqui é o oba-oba populista de uma “vida melhor” porque os mais carentes alcançam consumo,como se isso resolvesse a questão existencial deles como seres humanos.

  Dizem que se a “economia” não estiver ativa,nada funciona.Mas o que faz o mundo girar é o sistema financeiro,virtual.Onde o movimento dos “valores” vai conforme o de$ejo dos financistas.As famosas “forças ocultas” que dominam tudo.

E os comportamentos?!?!?Como suportar o “outro”?

Digo que é o choque cultural (como os romanos falando dos “bárbaros”) com toda a vulgaridade,a falta de respeito,de conhecimentos.

A Aline,do Em conexão,escreveu sobre a música ruim e o ser apolítico.Eu digo inculto,não de erudição,mas dos modos básicos de convivência,de ser;de elementos básicos de aprendizagem.Um ignorância de savoir vivre.Gente que tem muita coisa material,é até bonita,produzida,mas não se envolve verdadeiramente com nada.É cada um por si até dentro da própria casa,quanto mais no mundo.

  Política,assim,letra maiúscula,pensar o comum,o de todos,não tem nem idéia.Vivendo na periferia de São Paulo,trabalhando em escola pública há quase 28 anos vi de perto a transformação do “povo” numa coisa ainda incerta,que “não tem condições” – é a frase mais repetida,porque virou mote de sua maneira de agir,que agride,avança em cima.Grita achando que tem direito a um tudo que não sabe do que se trata.Respeito?!?Deveres?!?Nenhum.Pra quê.Recebem sem esforço tudo que as gerações anteriores vindas da mesma carência lutaram e conquistaram com esforço.Eu estou aqui de prova,e a história da minha família,meus avós,comprovam,entre milhares de outras.

   Com que elementos alguém que não lê,não escreve,não percebe vai “compreender” o que acontece.Como vai criticar?A reprodução de coisas ruins,vazias,vulgares,música chula,uma incultura de massas garante que fiquem “bem”,entupidos de cerveja e churrasco,bem penteados e vestidos,consumindo-se,devorando-se.Como no filme,alimentam a Matrix e dançam,sem saber que não servem pra nada além disso.

  Sim,quando a História se repete é como farsa.Não temos como adivinhar no que vai dar tanta tecnologia e uma imensidão de pessoas desumanizadas.Eu,me sinto completamente deslocada.Um ET que lê,quieta,não tenho gostos “populares”,não vivo na pechincha.Gosto de me dar qualidade,não grifes,não moda.Me esforcei pra alcançar isso.Quero me aprimorar,ampliar a “pessoa”.Sim,dificuldades existenciais.Não faço parte dessa atualidade,não gosto dela.É um tempo fora de mim,estou numa dimensão paralela,em outro compasso.
   Bem,se alguém passar por aqui,bjs!E diga o que acha,se discorda,se tem outros argumentos.O que se passa com você em relação ao "mundo"? 

Um comentário:

  1. Que bela reflexão Eliana, fazia tempo que não vinha aqui e me surpreendi com a análise sobre o mundo superficial que nos rodeia...é difícil conviver com tudo isso mesmo, mas tentamos fazer a nossa parte e assim ficamos um pouquinho mais feliz com nós mesmos, mas te confesso que não é fácil...
    Adorei seus quadrados em tricô , é uma arte que gosto muito também!!!
    Você conhece o grupo gaúcho chamado Tricotche???
    É especial para quem faz trico e aparece croche também de vez em quando.
    Grande beijo Eliana, grata pela doação para as bonequeiras e adorei ver o logo aqui no blog!!!
    Jud-artes.

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