quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O Brasil dos Holandeses

Terminei ontem e como acontece sempre,dá um gostinho de quero mais quando acabo as leituras!Este livro apareceu num momento em que lia sobre os séc XVI e XVII nos romances históricos,tinha terminado aqueles que mostrei aqui sobre a pintura flamenga/holandesa e pensava em algo que mostrasse a vida,hábitos,costumes,linguajar.E como é composto por documentos bem  escolhidos(cartas,relatos de quem estava lá,comentários de "autoridades)caiu muito bem.Não tem elocubrações teóricas e foge daquelas descrições de "estrangeiros maus,exploradores" que um certo nacionalismo sempre insistiu em enfatizar.Como colônia de exploração,qualquer um(portugês,holandês,francês ,alemão e etc)vinha pra cá a negócio,não pra tomar sol.Pra quem tem uma formação "história das mentalidades" como a minha,foi maravilhoso e ainda por cima fiz analogias com o que vi nos Dumas e Jean D'Aillon:da violência,brutalidade,fragilidade em que todos viviam/vivemos;das nossas raízes "brasileiras",este caldo de culturas feito quase na marra.Do como as longas durações são incontestáveis,as formas de agir,pensar que estão na gente  e vem de uma interminável cadeia de construção social,de transformações.Sou péssima para descrever livros,eu adoro ler,não comentar.Deixo uns trechinhos para quem se interessar.


 Os conciliábulos,os subornos,as "conversações e tratados" ,o negociar tudo e todos,atualíssimo.
 Estes trechos sobre as "senhoras" é de rolar de rir,mas se olharmos no fundo,mostra  a vida de quem não tinha  nada de útil pra fazer,podia ser ociosa,tais como as peruas de shopping!
 Ah,e os "senhores",mesma coisa!Tem um trecho sobre a falta de cultura que é a descrição destes classe média cerveja-churrasco,tal e qual
E sobre os engenhos(o esforço,a grana e a estratégia que era necessária pra fazê-los funcionar coloca os empresários da era mercado financeiro no chinelo!Isto era empreendimento no todo da palavra),os escravos,os pobre livres,soldados(tem um relato de um deles contando com "aproveitou" a farda do inimigo que acabara de matar,descrevendo-a e a seus enfeites com um gosto,uma sensibilidade  e isto de um cara pago pra ser um assasssino!),tem de tudo um pouco.O autor,Evaldo Cabral de Mello,além de primo do poeta João Cabral de Mello Neto - e do Itamaraty,como ele - é de uma erudição e conhecimentos imensos.Toda sua obra é sobre Pernambuco,e falando da sua terra,fala do mundo com diz uma dessas frases sempre repetidas e que neste caso é perfeita.

E pra um 7 de setembro,nada mal em lembrar que "independência" é extremamente relativo quando falamos de Brasil e quando colocamos a HISTÓRIA na balança.
BJS.

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