quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ainda existe luz no fim do túnel?

          Tenho duvidado muito.Cresci numa cidade pobre que depois virou extensão da periferia leste de São Paulo.De origem humilde,consegui com muito esforço e abdicando de muita coisa ,profissão e formação que me garantiram futuro,como gente.Toda a família,com raríssimas exceções,fez mais ou menos o mesmo.Tivemos o exemplo dos meus avós e tios mais velhos,gente que de estudo formal teve quase nada,mas de curiosidade,iniciativa e príncipios,fez-se sozinha.Não havia assunto que não se discutisse;minha paixão por história veio dos relatos que escutei deles,sobre tudo que viveram - a passagem do Halley que minha avó viu criança e depois em 1986,Gripe Espanhola,Revolução de 32 e por aí afora.Minha geração(a de "filhos da revolução" como cantava o Renato Russo)não teve moleza,com ou sem condições financeiras as cobranças que nos fazíamos nos tornaram batalhadores.Conscientes dos problemas,não conformados,críticos.
         Mas,ultimamente,crise de meia idade accompli,como encarar positivamente a sociedade que se apresenta?Inculta,grosseira,imersa em conforto e tecnologia mas de uma mesquinharia,pequenez,falta de civilidade que espantam.Tudo é "culpa dos outros",não existe iniciativa.O assistencialismo engloba alguns necessitados e um grande número que vive de bolsas sociais e/ou de seguro desemprego,trabalhando o suficiente para conseguí-los e usando de todas as tramóias possíveis para escapar de algum esforço(uso transporte coletivo e escuto barbaridades cotidianas,como a de rapazes que agrediram fisicamente o gerente de onde trabalhavam e que,quando a polícia chegou,não foram denunciados e todos os outro funcionários se calaram devido  à sua fama de "cachorros loucos",seja lá o que issso significa).Que política social é essa que faz propaganda de seu suposto sucesso afirmando "tem carro,compram mais" e  não "tem mais estudo,mais formação,mais condições de crescimento e autonomia"?!?!Que socialismo é esse que corrupção pode,desde que seja "companheira"?!?!Qual a diferença entre o enriquecimento ilícito de um Kassab e de um Palocci?!?O de nada,nunca,ser "comprovado"(não se fala "não existiu").Meu tio caçula que faleceu aos 60 anos no ano 2000 ria de minhas ilusões  e dizia que "quando os 'companheiros' chegarem ao poder serão iguais ou piores" - era uma fala que me dava um ódio e.....estava coberto de razão!
       Experiência de vida é uma coisa que tira a vontade de se envolver,melhor ficar de fora,cuidar do pouco sobre o que se tem controle.Quando se tem 20 anos a energia física é muita e passamos por cima de qualquer coisa;depois,é um cansaço que ninguém segura.


      Mas daí,leio uma coisa assim e um solzinho aparece..........Jovem da periferia de SP transforma madeira velha em violinos

      As gavetas de um velho guarda-roupas de araucária se uniram ao pedaço de uma mesa de imbuia. Juntas, sob a forma de um violino, agora tocam Beethoven e Bach.
Assim, os móveis descartados em um terreno baldio se transformam em música no extremo leste de São Paulo.
Desde 2009, quando começou a frequentar aulas de luteria –construção de instrumentos musicais–, David Rocha, 20, busca no lixo a madeira para montar seus próprios instrumentos.
“O tampo desse violão clássico é de abeto, uma madeira da Europa parecida com o pinho. Veio de uma caixa de bacalhau da Noruega que eu peguei no Mercadão”, explica o jovem músico, na oficina de luteria.
Com a madeira que encontra, David já construiu um alaúde, um cavaquinho, um bandolim, uma rabeca e outro violão, barroco.
O interesse pela música vem desde criança, quando assistia, pela televisão, aos concertos da Sala São Paulo. Aos 16, ele aprendeu a tocar em uma igreja evangélica.
Determinado a montar um violino só para ele, David encontrou nos móveis descartados um meio para isso.
“Cada madeira que eu encontrava, mostrava para o professor, para saber se servia”, conta David. Ele cursa o último ano do ensino médio e hoje é monitor da oficina de luteria durante a tarde.
Pelo trabalho, ele recebe uma bolsa de R$ 450 da Fundação Tide Setúbal, que promove o curso no Galpão de Cultura e Cidadania de São Miguel Paulista.
Como não segue as rígidas especificações usadas na fabricação do violino, o que David fabrica é chamado de rabeca-violino, uma versão mais rústica do instrumento.
“Ele obteve um resultado de qualidade muito rápido para quem está começando”, elogia Fábio Vanini, professor da oficina de luteria.
“A vantagem de ele usar as madeiras do lixão é que elas passaram pela prova do tempo, não vão mudar mais suas características”, diz o luthier.
MÚSICA VERDE
O interesse de David por materiais reciclados pode se tornar uma vantagem, já que o ofício sofre com a falta de madeira nacional disponível.
Segundo Vanini, a maioria dos bons violões é feita com jacarandá-da-bahia, que tem o corte proibido. Ou de mogno, difícil de ser encontrado.
Além de seguir a carreira como músico e luthier, um dos sonhos do ‘violinista do lixão’ é conhecer a Sala São Paulo, onde tocam as melhores orquestras da cidade.
“Uma vez fui com minha mãe, mas chegamos atrasados e não conseguimos entrar”, desabafa.
CONVITE
Heber Sanches, professor de violino da Fundação Bachiana, assistiu ao vídeo de David, feito pela Folha.
“Bacana o som que ele tira do instrumento. E tem muito luthier que adoraria tê-lo como aprendiz”. Empolgado, Heber quer convidá-lo para ter aulas na fundação.
Vanessa Correa, na Folha.com

5 comentários:

  1. São pepitas de ouro nos pedregulhos da estrada.
    Beijos,
    Nina

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  2. Creio nesta luz, pois tenho duas filhas...o coração só sossega quando elas chegam...Mas dói ver td isto acontecendo. David mostra que nem td está perdido, e é com fé que continuamos a acreditar. É preciso acreditar...
    Obrigada pelo comentário em meu blog...o que não dá é para fingir que não acontece...Temos que fazer nossa parte.
    Abracinhos no coração
    Sue

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  3. Olá Li...

    Que bom que você gostou do meu cantinho... espero que ele te ilumine muito!

    Amei tudo por aqui...

    Bejinhos

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  4. Eu acho que a luz já se apagou a muito tempo. Vou indo no rumo. Nem fé nem esperança mas me sinto privilegiada porque nunca tive ilusão. Nao esperava nada melhor do que isso dos compañeros, sempre achei que seriam isso mesmo, nunca culpados,nunca vendo nada, uns santos. Larguei de mão,não me interessa mais, nem mais falo mal porque não quero desperdiçar meu tempo bom com coisa ruim.
    Os forradores de botões foram pedidos, estou esperando chegarem junto comigo. Bjs
    Joana

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  5. Oi, querida
    Pois eu também, como "filha da revolução" acreditei, por muito tempo que los "companheiros" eram "a cura". Tsc...
    Partilho com você a crise rsrs, a descrença e a sensação de impotência. E não pense que aqui no interior do interior não se vê exemplares de "cachorros loucos". Parece uma volta à pré história!!!!
    Mas adorei ler a história de David. Oxalá um David desperte em cada esquina.
    Mas "vamo" em frente que atrás vem gente. rsrs
    Fica na paz, linda.
    bjoooo

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