Quase diariamente e desde sempre.Primeiro em casa,segunda menina num casal que queria meninos,sossegada,quieta,inteligente,escutando ser “inútil,não prestar pra nada” exatamente por não me deixar domesticar.Até de “cadela vagabunda” minha santa mãe me xingava porque não tenho pendores para empregada doméstica!Tudo de ruim me aconteceu em casa antes de “sair para o mundo”.Que vontade teria de “ser como a maioria”?Como pensar em ser-mulherzinha-casada-presa-numa-vida-estreitinha-só-pra-manter-o-modus-vivendi?
Eu sempre na minha.Uma das primeiras alunas da classe,primeira a entrar em Universidade pública na família,com emprego há quase vinte e seis anos e certa independência financeira,isso atinge “as pessoas comuns” involuntariamente.Não sei me fazer de coitadinha,não sei puxar saco.Não corro atrás de ninguém pra nada, a não ser em situações extremas e quando não posso me virar sozinha.Não é fácil,mas foi como minha vida foi acontecendo. Que culpa tenho eu que levam uma vida de insatisfação,frustração e afins por manter o padrãzinho pegueno-burguês-sentado-assistindo-televisão e sei lá mais o que.Machismo,ignorância,inveja,estreiteza ,e errada estaria eu?!?!
Voltei a sair de casa regularmente há pouco,depois de um período de meses afastada do trabalho em licença mé dica e perdi a conta das vezes em que,de alguma maneira,fui xingada e ofendida na rua.Acham que sou lésbica só porque,sozinha,não sou vulgar e nem corro atrás de homem como se fosse a salvação do mundo.Excesso de timidez que me protegeu a vida inteira,além das minhas ideosincrasias,coisa que também ninguém parece "ter" mais.Meu lado vaidoso repete o “quem desdenha quer comprar”,mas minha lucidez mostra o quanto podem ser perigosos.Se fosse em outras épocas já teriam me matado há tempos!
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