Este mês,sem nenhum planejamento, acabou que li muitos autores negros,sobre racismo,escravidão e lembrei deste livro que consegui em troca no Skoob e que se encaixa perfeitamente no "tema".É uma ficção científica que coloca uma mulher dos meados do século XX de volta ao tempo da escravidão nos Estados Unidos. Na época do lançamentoi foi muito elogiado,tomara que goste como do Underground Railroad - O Homem Invisível meio que me decepcionou, apesar de algumas partes terem me "acionado",deixou a desejar(a leitora que eu era aos 20 e poucos anos gostou muito,eu agora,não).
Depois vou procurar as ficções que tenho sobre escravidão aqui no Brasil.Tenho um livro da Eliana Alves Cruz e os do Marcelo de Salete me esperando,fora o Defeito de cor que é um calhamação
- todos muito bem falados pela internet literária a fora.
Este ano estou procurando ler um livro por vez,pra não me atropelar nem sobrecarregar os dois neurônios.Mas ,apesar de ainda não ter terminado o Homem Invisível (confesso que está arrastado,parece que não anda,mas quero chegar ao fim pra entender porque guardei este livro por mais de vinte anos),comecei este e-book pra não deixar meu pouco inglês abandonado(não continuarei o curso em escola).São quinze pequenos textos sobre assuntos variados,o primeiro foi fácil,sem problemas,o Kindle tem dicionário e o e-book, glossário, tudo facilita.
Ainda sobre racismo,já li o Encarceramento em massa e apesar de,no geral,aceitar as argumentações ainda não tenho elementos para analisar mais profundamente.É assustador perceber uma sistematização contra uma parte imensa da população .Agora,em seguida,vou pegar este Lugar de fala- que é da mesma autora do Pequeno Manual Antirracista e coordenadora desta série de livros,"Femininos Plurais",que procura situar o movimentos feminista negro em diversas questões atuais(eternas?).Desde o livro da Grada Kilomba vendo temas como interseccionalidade(pontos de encontros entre as diversas questões do movimento negro).
Por quê estou tão interessada?São questões cotidianas que muitas vezes tratamos superficialmente por não sofremos diretamente.Por exemplo,na minha família, de cinco filhos,eu sou a mais clara e mesmo assim já escutei piadas sobre o "cabelo ruim", imagina eles que tem a pele mais escura.Isto num nível micro,se multiplicar realmente pela população, é um caso seríssimo. Polêmico e difícil, urgente.
Terminado o Memórias da Plantação (e entendendo que muitas das nossas atitudes com pessoas negras por mais "naturais" que pareçam,carregam um racismo enraizado e que precisa acabar),resolvi passar este Manual Antirracista na frente e ver como mudar de atitudes,ampliar a mente sobre o racismo cotidiano pode e deve acontecer.Estamos iniciando a segunda década do terceiro milênio!
Atualizando:ainda estou lendo o Memórias da Plantação e ,ao contrário do que pensava,não é um livro de divulgação geral,mas um relato de pesquisa sobre racismo,então tem linguagem e estrutura acadêmica,o que me atrapalhou um pouco no começo,agora já está assimilado,mas mesmo assim a leitura é mais lenta.Muito interessante e coloca ,entre outras coisas,a questão do uso de determinadas palavras para perpetuar o racismo.
Daí lembrei do Ralph Ellison,minha edição é de 1993(li naquela época,não lembro de ter feito releitura,meu livro está todo oxidado) e lembro de que foi impactante quando o li,mas estava esquecido na estante desde então.Como estou mergulhada nesta questão dos negros nos Estados Unidos nada melhor que regatar este livro que foi um marco literário sobre a questão ,escrito nos fins dos anos 1940 e publicado em 1952,ou seja,quando a questão dos direitos civis estava mais candente do que nunca.Não lembrava nada,nada.Nem da escrita,que estranhei nas primeiras páginas,mas sei que é um livraço.Quero ver o que a eu madura vai encontrar numa leitura importante quando eu era mais jovem.
Terminado o Underground Railroad - o épico de uma escrava americana rumo à liberdade - ainda está na minha cabeça a história da "trilha(ou estrada) para a liberdade" que não era nada mais nada menos que a fila imensa e constante de corpos linchados,queimados,enforcados dos negros massacrados pendurados em árvores.No livro esta "estrada" é mostrada na Carolina do Norte,mas pelo jeito,foi uma prática muito usada no sul dos Estados Unidos,não para abolir a escravatura,mas para "abolir os negros".Como pensar em convivência depois disso?!?!
Além dessa ,outra barbárie citada,um "festival da sexta-feira",na mesma região,onde depois de números "artísticos",discursos suprematistas,havia o linchamento/enforcamento da noite,para encerrar o "festival".Além dos negros,abolicionistas ou colaboradores também faziam parte dos massacrados.
Aqui no Brasil tirando o racismo eterno escondido e as violências cotidianas aos negros,nunca ouvi falar de massacre como aquele.
Dá pra entender a música Strange Fruit,deixo o vídeo a letra e a tradução .
Strange Fruit
Southern trees bear strange fruit, Blood on the leaves and blood at the root, Black bodies swinging in the southern breeze, Strange fruit hanging from the poplar trees.
Pastoral scene of the gallant south, The bulging eyes and the twisted mouth, Scent of magnolias, sweet and fresh, Then the sudden smell of burning flesh.
Here is fruit for the crows to pluck, For the rain to gather, for the wind to suck, For the sun to rot, for the trees to drop, Here is a strange and bitter crop.
Fruta Estranha
Árvores do sul produzem uma fruta estranha, Sangue nas folhas e sangue nas raízes, Corpos negros balançando na brisa do sul, Frutas estranhas penduradas nos álamos.
Cena pastoril do valente sul, Os olhos inchados e a boca torcida, Perfume de magnólias, doce e fresca, Então o repentino cheiro de carne queimando.
Aqui está a fruta para os corvos arrancarem, Para a chuva recolher, para o vento sugar, Para o sol apodrecer, para as árvores derrubarem, Aqui está a estranha e amarga colheita.
Terminado o lindo O caminho de casa - primeiro livro pra valer do ano(os outros foram contos isolados) - agora vou continuar com os temas escravidão e racismo,na literatura e em teoria.
O Underground está me esperando desde 2017 e desde então vi opiniões muito diferentes sobre ele,agora vou tirar a prova;o Memórias é mais recente e foi muito elogiado,veremos.
Como outros livros de literatura africana que li(Hibisco Roxo
,O mundo se despedaça) a narrativa prende desde o início. Vai contando numa sucessão temporal a vida de várias pessoas descendentes de duas irmãs de etnia fanti,da Costa do Ouro(atual Gana).Inicia no século XVIII e vai dando uns saltos temporais contando a vida dos que foram escravizados e dos que continuaram na África, a interferência dos brancos e sua influência no tráfico de escravos e lutas tribais.Muita tristeza,violência e encrencas familiares. Nisso se assemelha muito aos outros citados,mas mesmo assim é diferente,tem suas particularidades. Ainda estou nos 30% de leitura,mas estou gostando bastante.
E não,não vou participar, mas acho legal divulgar.E sim,são livros com muito amontoado de coisas escritas,thanks god!
As categorias desse ano:
1. Um vencedor do Camões
2. Um romance ambientado na zona rural
3. Um livro árabe
4. Um livro sobre ditaduras
5. Um livro indicado pelo bibliotecário ou livreiro da cidade
6. Um livro da lista do vestibular da Federal ou Estadual do seu estado
7. Um livro que você sempre teve medo de ler
8. Um livro sobre uma paixão sua
9. Um quadrinho nacional
10. Um livro sobre livros
11. Um livro que já foi censurado
12. Um livro de psicologia
13. Um livro póstumo
14. Um livro escrito por um amigo
15. O idiota (Dostoiévski)
Mais dois dos perdidos no Kindle, mais duas leituras rápidas.O russo uma pérola(daquelas histórias sobre a vida dos camponeses),o nacional,divertido e muito curto(fico pensando que poderia ter sido desenvolvido de outro jeito).
Preguiça,preguiça,preguiça!Faz cinco anos que estou aposentada,mas meu corpo parece que registrou os quase 30 anos de "janeiro é férias" e não está colaborando(os 30° todo dia também atrapalham).Vontade de só ficar vendo TV(Netflix e Amazon Prime estão mandando,vocês já viram Marvelous Mrs Maisel?É da mesma autora do Gilmore Girls e é divertimento puro!),mas resolvi resgatar os "perdidos no Kindle"(tem muito livro pra ler e eu esqueço os e-books).
Daí resolvi começar por este,exatamente por ser uma leitura leve.Foi recomendação da Nati,do Redemunhando,tempos atrás.Ela é Harrypottermaníaca e gostou demais desta novela com pitadas de magia no agreste brasileiro.Pra mim não funcionou não,dei umas risadinhas chochas,só.Não me pegou.
