Meu avô e um dos meus tios, da antiga Força Pública de São Paulo(antes da divisão das polícias entre civil e militar), lutaram em 1932 justamente contra o "tirano",mas depois, tanto eles quanto outras pessoas só falavam "do Getúlio"(assim familiarmente) como de quem possibilitou a mudança,industrialização e crescimento do país;mais ainda,se tínhamos algum ganho trabalhista,foi porque ele "concedeu".
Um homem nascido em fins do séc XIX,com o arcabouço do caudilho,participando dos movimentos militares do tenentismo,assegurando um governo de 15 anos com todas as turbulências ,sendo "tirado" do poder pela mentalidade "nova" do pós Segunda Guerra e ....voltar aclamado anos depois,sofrer todas as pressões dentro da mistura política que se criou entre os sempre "novos" e as "oligarquias" até o fim trágico .Sim,muitas contradições e ambigüidades,mas uma figura complexa,um dos raros estadistas que tivemos.
E tudo o que li sobre ele era desatualizado,focando sempre uma "imagem" sem dar uma dimensão mais real ao homem no seu tempo.
Até que algum tempo atrás soube desta biografia e folheando o primeiro volume,edição caprichada,papel bom, vi que tinha muita fundamentação,pesquisa e uma iconografia super interessante.Sei que dei de presente para alguém que também é "de História" como eu,mas deixei passar e só agora,com todos os volumes publicados foi que comprei pra mim .Uma riqueza,vai render muita leitura.Por enquanto estou na fase de "namoro" com eles,abro,folheio,paro para ver as ilustrações e pulo de uma para outra.
PS: e pra ter um gostinho ,vi o filme Getúlio com Tony Ramos e elenco global,hélas que mostra os últimos dias do homem no poder,o atentado da rua Tonelero(Alexandre Borges faz um Lacerda no ponto),a corrente de corrupção que acontecia nos bastidores do governo e os militares se assanhando para o que fariam em 64.Sorte que vi em casa,não valeria o ingresso no cinema.ainda fico com o Agosto do Rubem Fonseca como ficção para o período.
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